Saturday, November 25, 2006

Passageiro(s)

Enquanto tudo na vida passa...


PASSAGEIRO(S)
(Felipe F.)


          Tudo começou assim. Malas sendo preparadas as pressas pela manhã, enquanto o táxi me aguardava. Tudo parecia normal, exceto pela surpresa que encontrei quando cheguei a portaria do prédio, não havia nenhum táxi na rua. Um frio na barriga demonstrava uma preocupação que viria a se concretrizar. Já bastante atrasado o pássaro azul tentava ultrapassar o tempo.
          - O embarque já está encerrado sr.
           Claro que o vôo havia saído no horário, EU estava atrasado. Resultado? 03:30hs no aeroporto a espera do próximo vôo.
           A primeira idéia foi enfrentar todas as filas possíveis, escolhendo preferencialmente as maiores, me transformei em um guerreiro das filas. Memoráveis batalhas e no peito, a merecida medalha de bravura, as pernas cansadas agradeciam o descanso. Como um recente aposentado, necessitava de algo para me ocupar. Foi exatamente neste momento que me senti como Tom Hanks no filme “O Terminal”. Lembrei de um dos trechos em que ele colocava os carrinhos de bagagem em um compartimento que agradecia com moedas, usadas para saciar momentaneamente sua fome. Isso nunca funcionaria no Brasil, pensei.
           Enquanto Arnaldo Jabor gritava por atenção de dentro da minha pasta, meus olhos críticos observavam a rotina de um aeroporto.
           Passos rápidos e olhares atrasados contracenavam com a tranquilidade de uma leitura. Ternos e computadores se misturavam as camisetas e bronzeados de férias.
            O reencontro que a saudade trazia era esquecida enquanto as novidades eram despejadas sem qualquer tipo de pontuação. As despedidas eram deixadas em emocionados abraços que desejavam ficar com um pedaço para lembrança.
            Filosofei ainda mais ao ponto de dizer como um aeroporto simbolizava nossas vidas. Uma movimentação de pessoas que entram e saem sem pedir licença, muitas delas serão apenas passageiros de passagem. Sempre terão os funcionários que fazem parte da rotina de organização e cuidados. Alguns partem e nunca mais voltam...Outros chegam e nunca mais saem. Enquanto tudo isso acontece vou aguardando meu vôo remarcado.



 

1 comment:

Anonymous said...

Após ler todos escolhi esse pra comentar. Talvez porque ele represente o que conversamos... sobre aqueles momentos em que sentimos uma vontade imensa de escrever e não de conversar.
Lendo de agosto até agora é nítido seu desenvolvimento... mais ainda, é notável sentir seu envolvimento.
Parabéns!
Paulinho Fonseca