Thursday, November 30, 2006

FELIPE F.

 Te vejo passar como uma brisa do mar,
Não consigo parar de te olhar.
Espero que o vento um dia mude sua direção... (Felipe F.)


FELIPE F.
(Felipe F.)

              Eu acho que tudo começou assim.
              As palavras repetidas já não mais faziam sentido. O lápis gasto deixava a marca dos traços do passado, a borracha era apenas mais um enfeite sobre a mesa. As músicas cantavam suas letras em um discreto armário esquecido no fundo da casa. Seus passos perdidos eram ouvidos pela imaginação que inutilmente acreditava que o sonho poderia ser a comunicação mais eficiente.
              A chuva caia lá fora, as gotas escorriam em meu rosto como suas mãos pela janela. Um despertar de domingo me fez abraçar minha preguiça e voltar a sonhar. Ainda acho que estou sonhando quando vejo um sorriso desconhecido apontar em minha direção sem razão ou explicação.
               A busca pela felicidade insessante atravessa “espelhos apagados” e jogam as certezas onda estão as sombras. A flor da beira do abismo nada mais é que sua ambição de conquistar o impossível.
Acordei com uma energia desconhecida,
Sorriso engraçado, cara de gente esquecida.
Dormi na poesia e acordei na prosa.

               Foi naquele dia, naquele dia o sol decidiu me olhar. Seus olhos arregalados não me deixavam na sombra, seu abraço nunca foi tão forte. Meus dias de ontem saíram de férias pra você chegar. Brilho que me trouxe lapiseiras e sacudiu meu coração em um incansavél e variável movimento incessante.
              Meus sonhos agora tinham vozes claras e desejos combinados, minhas mãos seguiam seus comandos que vagarosamente eram descritos como histórias contadas por nossos avós. Creio que minhas músicas nunca foram tão altas e o céu tão baixo.
Escrevo pra você que hoje me olha
ou pra você que me esquece e chora.
Se não te tenho, imagino,
Como prosa ou poesia ensino.
A música do desejar, amar, querer
Perdoar, sofrer e no fim sobre viver.

               Pois é isto, a arte da rima ou da frase, do sobreviver ou sobre viver, que explica minha poesia em prosa, meus sonhos em palavras, minha vida em arte. Sou o coração que escuta teus olhares e descreve em palavras as suas batidas. Minhas lágrimas escorrem enquanto tremo tentando explicar cada suspiro ou arrepio.
Não quero uma lagoa em meu mar,
Quero apenas um sonho pra sonhar
Pessoas pra admirar , amar e não ter
Enquanto sofro por assim ser

Descrevo esta maravilhosa loucura
Buscando em você, minha inspiração
Cada detalhe que nunca é perdido
Esquecido, sem rima, sem sentido

Continue me lendo,
Que estarei sempre te escrevendo
Continue me vendo,
Que estarei sempre te descrevendo



1 comment:

Cristiano Vieira said...

Um dos melhores textos que já li.
Gostei da mudança.
Dos textos à poesia.
Do centralizado ao justificado (ainda vou usar isto!).
A ordem pouco importa.
Ver a sua escrita, como vc msm disse, ensina!

Valeu mais uma vez bichão! Doido demais!

Ah, não esqueça da prosa. De quando em vez é bão tamen!