Saturday, December 23, 2006

O JANTAR

Comem antes que esfrie...


O Jantar
(Felipe F.)


            O vinho na mesa deixava uma sombra de desejo sobre os pratos vazios e ansiosos a espera do som da campainha. As velas, faziam do ambiente espelhos daqueles sonhos que eram responsáveis pelo sorriso de manhã. Um sorriso que por trás trazia uma vontade incontrolável de trazê-lo para a realidade, como uma árvore que nasce sem motivo e cresce imponente movida pela auto estima que vem dos céus e se levanta sem se importar com o vento que sopra em direção contrária.
            Aquela árvore que crescia, dominava seus instintos, cegando suas atitudes que não mais preocupavam com os ventos que sopravam palavras e olhares contrários. O céu dos teus olhos alimentava sua coragem eliminando seus medos que abraçados as frustrações desapareciam como chuva de verão. O céu era o limite, dos sonhos, das preces e quem sabe do destino, que surgia como chuvas em um céu sem nuvens acordando galhos murchos e pintando folhas secas.
             A lua curiosa espiava pela janela aberta, buscando novidades para contar para as estrelas que lotavam todos os seus lugares.
             O cheiro que vinha da cozinha se misturava aos ares de incenso que preenchiam a casa com cheiro de amor, as paredes de paixão queriam ser tocadas novamente, as marcas invisíveis tentaram inutilmente ser limpas com as lágrimas de boa vontade. O tempo era contra as chamas que queimavam incansavelmente aquelas velas, aquecendo um coração agora aberto, deixando corado o rosto cansado que se olhava no espelho e não mais buscava a imagem perfeita.
             A campainha em silêncio alimentava o jantar que era servido, a entrada era composta de pensamentos otimistas e idéias motivadoras que eram elogiados com sorrisos educados. As palavras secas eram regadas com a água dos amantes, cor de amores, anunciando o prato principal. As lembranças foram servidas ainda quentes, a degustação foi imediata, antes que esfriasse, porém, o olhos hipnotizados pela decoração desaceleravam os movimentos retardando o momento, aproveitando cada garfada, saboreando cada detalhe daquele alimento. Os garçons que visitavam nossa mesa tentavam apagar nossas velas e esfriavam nosso jantar que agora já frio era temperado com o sal que saia dos olhos. Surgiam então os abraços invisíveis, acompanhados de pensamentos confortantes e várias opções de escolha, era a sobremesa que estava sendo servida. A bandeja sobre a mesa refletia o reflexo dos olhos vermelhos que duvidosos tentavam fazer a sua escolha. A sobremesa se derretia enquanto o gosto do prato principal ainda permanecia naquela boca sem palavras.
               O jantar foi interrompido por um som famliar, o sorriso tomou a frente e o desejo foi descobrir o que era. A campainha se manteve em silêncio e deixou a dúvida paralisada. Os olhos frustados então disseram: ainda é o despertador.

 

Thursday, December 14, 2006

Você

Me deixe passar e passarei...


Você
 (Felipe F.)

No meu caminho sigo com meus verbos.
Na inutilidade das palavras,
dito meus versos em teus lábios.
Escrevo minhas poesias em teu corpo.

Em atos desconhecidos, pensamentos são válidos.
Experiência e paciência ditam o ritmo.
Ter a surdez de uma voz errada.
Deixar a lágrima escorrer por todo rosto.

Caminhaste por minhas poesias.
Deixando pontuação onde faltava palavras.
Onde amar seria um risco, viver um sonho.
Posso sozinho, mas quero você.

Tuesday, December 12, 2006

Luz dos teus olhos

 Para você que não me visita, não me lê. Apenas me ouve.


LUZ DOS TEUS OLHOS
(Felipe F.)


Sei que não pode me ver
Palavras que em silêncio tocam,
A ponta dos seus dedos
O interior de seus ouvidos.

Mona Lisa desejada (e quase casada).
Na profundidade dos olhares
a lua brilha em teu corpo.
Enquanto a luz movimenta sua dança.

Um espetáculo que emociona meus olhos
desacreditados de milagres.
Em graça teu corpo gira e se afasta
Iluminando...inspirando...

Meus olhos desejam ser como os seus.
Comer ameixas secas como suculentas carnes
Beijar além da boca
Amar além do coração.

A luz dos teus olhos ilumina meu caminho
O brilho do seu coração guia meus passos
Desejo ver como você, enxergar sem querer.
E ser além de ter, ver além do ser.


Tuesday, December 05, 2006

Minha Princesinha

Escrevi pra você, filha, quando um dia apareceu em meus sonhos.



MINHA PRINCESINHA
(Felipe F. - 05/03/02)




Andava distraído e não vi que me olhava
avatse ila euq iv e odal ortuo o arap iehlO
Era tão sincera a tristeza,
Nem apenas meus braços confortava.

Teu choro em orquestra cantava.
Com carinhos no coração, acalmava.
No colo, já sonolenta, carregava.
Aquela última lágrima assim secava.

Quem será você? Já me perguntava.
Um sorriso nos olhos, já explicava.
A inocência das palavras não deixava.
Um coro calado então escutava.

Uma rima que sempre rimava.
Nunca se repetia, ela falava.
Nos sonhos, os anjos sonham sem rima, sussurava.
Um beijo na testa, boa noite princesinha.