Tuesday, August 08, 2006

Entre portas e janelas

Porque td na vida passa por nós, somos o que deixamos ficar. (Felipe F.)


ENTRE PORTAS E JANELAS
( Felipe F.)


As janelas atualmente estão abertas enquanto durmo, o vento frio que entra me faz abraçar o cobertor com mais força. Uma música suave no fundo ajuda a relaxar e a pensar no dia que passou. O olhos se fecham rapidamente ignorando o restante da história.
A alguns anos atrás a simbologia mais adequada para o sentimento era a de uma pedra, impenetrável, duradoura, apenas o tempo podia moldá-la com a sua paciência. O quarto naquele tempo era pequeno, proporcional aos sonhos e ambições. As janelas estavam sempre fechadas, a única luz partia do teto, mas, raramente era utilizada.
Paciência e perseveransa foram qualidades ensinadas pelo tempo. A pedra foi um dia perfurada, se tranformou em flor, se transformou em galhos, se transformou...As simbologias corretas erão tão mutáveis quanto as nuvens, porém o céu passou a chamar mais a atenção. As cortinas então foram abertas dispensando as luzes artificiais, o quarto tomou dimensões maiores quando as portas foram abertas. O vento, como não tinha restrições, passava tranquilamente pela casa, abraçando e observando todos em sua rotina diária.
Os nervos não se continham com a rapidez da mudança das nunvens, o objetivo era promover sombra para aquele delicado bonsai, manter sempre úmido seu solo. As águas que molhavam aquelas terras saiam de olhos frustados e incompreendidos, frequentemente preocupados com o ambiente em que se encontravam. O céu já não era mais o limite para as possibilidades, cegos pela luz que vinha dos céus o previsto então aconteceu. Faltou coragem para fechar aquelas janelas, então o vento o fez, faltou força para empurrar a porta, então o vento o fez, faltou vento para enchugar as lágrimas que corriam, então sua mão o fez.
As atitudes são previsíveis pelos olhos detalhistas da paciência, mas, o coração ainda aperta, aquele quarto ainda existe, mas,não possui mais dono. As janelas e as portas continuam fechadas, guardando um vento que ao longo do tempo foi se transformando em poeira. O ceú ganhou mais uma estrela.
O que persiste hoje é descobrir motivos para um sorriso, doados gratuitamente por novas pessoas conhecidas, novos lugares já visitados, boas ações, atitudes e principalemente pensamentos positivos. Palavras sinceras convencem facilmente quando são bem usadas, gestos honestos são agradecidos de forma espontânea e gratificante.
Ainda durmo de janelas abertas, a altura do meu repouso favorece a velocidade do vento que muitas vezes insiste em dormir ao meu lado. A simbologia certa, agora, é transparente, a forma varia de acordo com o ângulo do olhar, talvez seja por isso que não fui visto. As lágrimas que saem do meu rosto caem como degraus em meus pés. Meu quarto já não é mais escuro, a luz continua no teto, mas não é artificial. Talvez o brilho seja forte demais e algumas janelas insistem em se fechar.
Porque td na vida passa por nós, somos o que deixamos ficar.

2 comments:

Cristiano Vieira said...

É meu caro... demorei a ler mas bem que fui avisado. Que txt é esse?! PARABÉNS!
Analogias brilhantes e sinceras. Gostei da luz no teto! Perto. Menos dificil de se alcançar... Vou pensar assim... tentar pensar... Alcançar!

Cristiano Vieira said...

Ah... E de portas e janelas abertas... pelo menos, enquanto a luz for minha guia!