Thursday, August 31, 2006

Silencio

Essa vai em homenagem as inúmeras visitas e comentários que recebo.

  O SILÊNCIO
(Felipe F.)


                    Eu admiro o silêncio das pessoas. Durantes cada solo, existem acordes que não são percebidos enquanto estão envolvidos harmonicamente com a musica. A música fecha teus olhos e te dá as mãos. Passeiam juntos pelo bosque enquanto frutas maduras caem pelo chão, cobrindo_o de maturidade e velhice.
                    Te confundo em meus textos, não sei onde as vírgulas querem ficar. Apenas caio num beco de bico calado e olhar desviado. Parado, os goles não conseguem mais traduzir, o repouso se encarrega de me levar pra casa. A dor da manhã parece interminável, me arrependo de coisas que não me lembro.
                   Admiro o silencio das pessoas. Escuto suas melodias sem letras criativas e harmonia definida. Não vejo uma só moeda em seu bolso, não sinto alma em sua calma. Cama dos ingratos que parecem não ter fim. Escuto o eco das minhas palavras em sua cabeça enquanto penso cuidadosamente no que dizer em seguida.
                   Loucura em dar asas aos pensamentos e não saber onde vai parar, se vai parar e como vai parar, mas, quem faz parar? Uma rima que busca solução nos prazeres momentâneos e instantâneos que muitas vezes confortam um mente confusa que não sabe o que fazer. Admite ter coragem e caras tortas não surgem efeito.
                   Admiro o silencio das pessoas. Artificialmente acalmadas, aclamando por um suspiro já silenciado. Não olhe as letras enquanto procure sua frase, porque a borracha não funciona no computador. Deseje ter olhos nas costas, pois o passado chega sempre sem avisar, quando menos espera está vivendo_o novamente. Caminhe sempre olhando para o chão, porque frases de pára-choque não te pedem perdão.
                   A fumaça sobe no fim do horizonte, numa chaminé levada pelas migalhas deixadas ao longo do caminho. Contos de fadas vividos em feitos diários por palavras ambíguas e textos complexos. Surreais para os analfabetos cegos e paraplégicos, onde são guiados para um futuro escuro, buracos negros dos passos sem volta. Despedida sem adeus, um beijo sem língua, uma frase sem pontuação.
                   Admiro o silencio das pessoas. Arrepio que sobe da espinha, do lado esquerdo, direito, parte do sentimento, me faz chorar, me faz lembrar aquele belo amor, aquele momento romântico, aquele sonho distante. Meus dedos buscam incansavelmente as letras que irão substituir o que tenho a dizer, tentam dizer o que eu não posso ver, explicando o que não consigo entender.
Continuo admirando, mas até quando?

1 comment:

Cristiano Vieira said...

Belo texto! Ei vi melodia, sintonia nas palavras. E te falo mais... eu preciso dizer isso ao mundo! Pq o mundo se cala? É bom falar. E às vezes é bom ouvir. Eu quero ouvir. Vc tb. Então, pq não se calam pro mundo e falam pra gente? Vai saber...