Monday, March 19, 2007

15min na França, o Tempo suficiente (17/03)

Fiquei um tempo sem atualizar o diário de bordo, porque mudei de hotel e tive alguns problemas para acessar a internet, mas, agora já está tudo normalizado, estou acessando do meu quarto, inclusive o msn, então fiquem ligados pode ser que um dia me achem.


15min O Tempo Suficiente (17/03)
Este final de semana foi muito bacana, movimentado e engraçado. No sábado saímos bem cedo pela manha para irmos a Genebra no salão do automóvel, muito bonita a estrada e as montanhas cobertas de gelo. O tempo esperado de viagem era de umas 03:00hs, +ou- 300km. Passamos pelo túnel abaixo do Monte Bianco, com aproximadamente 13km de extensão e entramos na Franca, agora vem à história.
Eu já estava a um certo tempo com vontade de ir ao banheiro e disse ao cara que estava dirigindo para parar no próximo posto, aqui tem poucos ao longo da estrada. Vimos o posto, só que na hora de entrar ele esqueceu e passamos direto. Fiquei puto e com mais vontade ainda, mas, tudo bem a paisagem distraia e pararíamos no próximo, a 30km. A sede aumentava e a vontade de ir ao banheiro também, já na Franca pegamos um engarrafamento no 1o pedágio, mas tudo bem, eu estava no controle, meditando e tentando pensar em outra coisa que na fosse gelo derretendo, rios ou coisa parecida. A pessoa que estava dirigindo, conhecido da Fiat, insistia que eu arredasse o banco pra trás, ajoelhasse e fizesse o No 1 em uma das garrafas d’água (te parece). Tenho um histórico traumático deste feito:
- Era moleque, entre 10 e 13 anos e estava com minha família viajando para casa da minha avó em Sp, como fazíamos todos os anos. Me deu uma vontade imensa de ir ao banheiro, mas, não queria pedir que meu pai parece, então pedi que minha irmã olhasse para o outro lado e fiz ali mesmo, na latinha de Coca-cola. Pedi a meu pai pra jogar a lata fora. Ele pegou a latinha, mas, antes de jogá-la fora a sacudiu, imaginem o que aconteceu! Ele percebeu que havia um restinho de liquido e sem pensar duas vezes virou a lata inteira sem eu pudesse fazer qualquer coisa, conseqüência, cuspiu imediatamente aquele liquido quentinho e fresquinho e me xingou a viagem inteira, enquanto eu e minha irmã riamos sempre que lembrávamos daquela cena, achei que fosse apanhar feio, mas, foi muito engraçado.
Depois desta historia traumática é claro que eu não ia fazer nada em garrafa alguma. Suportei o primeiro pedágio, suando frio e já começando a contorcer as pernas. Andamos mais alguns quilômetros, mas, ainda estava longe, eu ainda estava no controle e dominava a minha vontade que subitamente virou desespero quando vi o segundo engarrafamento no segundo pedágio. Fudeu - foi a primeira coisa que veio a cabeça. A segunda era a voz do cara dizendo:
- Agora vai ter que ser na garrafa. Seguido de uma risadinha maligna.
Foi quando após 10min parados eu olhei para o outro lado da estrada e avistei uma miragem. Perdi todos os meus sentidos hipnotizados por aquele bonequinho inconfundível na porta. Nunca fiquei tão feliz em vê_lo. Meus olhos mandavam subitamente uma única mensagem as minhas pernas: VAI. Pois é, eu fui e quase fui mesmo. Estávamos na segunda fila, ou seja, tinha mais uma a minha esquerda antes de começar a atravessar o outro lado, mas, eu não conseguia sentir, pensar ou ver nada, apenas o banheiro do outro lado. Abri a porta e contornei o carro num piscar de olhos, foi durante este piscar que eu vi a propaganda da Pirelli diante dos meus olhos, “Potencia não é nada sem controle”. Não faço a menor idéia de onde surgiu aquela mini-van ridícula, só sei que dei uma brecada, mantive o corpo para trás como um susto enorme e virei o rosto. Nunca vi um carro em movimento tão de perto em toda minha vida, se o meu nariz fosse 1mm maior eu ficava sem ele. Parei por isso? Nada, não disse que estava sem sentido algum! Continuei a correr, olhei para o outro lado, não vinha carro e continuei correndo: “Run Forrest, Run...”, tipo assim. Entrei no banheiro e aliviei o meu desespero e meus sentidos foram retornando lentamente. Fiquei uns 5min no banheiro, me acalmando e agradecendo a Deus por estar ali e fazendo aquilo. Sai do banheiro taxiando a procura do meu céu, quando o avistei comecei a caminhar para levantar vôo, mas, fui interrompido por um grito que vinha da minha esquerda, era a policia francesa. Não acreditava no que estava acontecendo, estava na França a 15min e já tinha feito merda, Griswould in France.
Eram 02 policias, um homem que começou falando e uma mulher. Claro que não entendia uma palavra do que ele dizia (Graças a Deus). Eu, com aquela cara de cachorro abandonado, sem entender o que acontecia disse em italiano: “Me desculpe mas não falo francês”. O policial fez uma cara de mau e ficou vermelho igual um diabinho. Fudeu de novo – pensei. Foi quando a voz feminina salvadora me perguntou se falava espanhol. Eu respondi que falava, italiano, inglês, português, mas, menos francês (Mane poliglota, hehehe). Ela me disse que eu não poderia atravessar a estrada daquele jeito porque era muito perigoso, enquanto o cara já roxo espremia meu pescoço com seus olhos. A cara de cachorro abandonado se transformou aos olhos daquela figura feminina, materna e salvadora em um bambino que tinha aprendido sua lição. Enquanto era acalmado pela generosa mulher o polical, agora vermelho, olhava fixamente pra mim, apontando pra sua cabeça como quem quer dizer louco, burro ou coisa parecida e disse a única palavra em italiano que eu acho ele sabia, que significava em baixo, tinha uma passagem para pedestre por debaixo do pedágio. Dah, mas como eu, brasileiro, distraído e desesperado iria saber que tinha passagem por baixo. Falei exatamente esta frase com os braços e as mãos: “Ta bom, mas, não se irrite...”. Sai correndo antes que ele pudesse fazer alguma coisa. Passei pela passagem de baixo e encontrei com o povo, em frente ao banheiro do lado que estávamos inicialmente. Fui motivo de chacota a viagem inteira. Nunca mais volto na França, apesar do sobrenome tenho um azar imenso com este pais.

No comments: