Monday, March 19, 2007

Hoje foi dia de Esquiar (18/03)

Agora ganho um pouco de tempo até a próxima postagem. Bom divertimento. Depois tem fotos no orkut, aguardem.


Hoje foi dia de esquiar (18/03)
Como as coisas são diferentes por aqui. Estava começando as escrever este texto quando uma das pessoas que trabalha na minha sala me chamou para tomar café, apesar de já ter tomado não quis fazer desfeita. Estou comendo um pão com salame e tomando um vinho branco, o trabalho é outro depois de um vinho, vou levar essa idéia pro Brasil. Sobrou um pouco de vinho, alguém aceita?
Ontem fomos em uma cidade montanhosa que se chama Sestriere para esquiar. Como semana passada fez calor achamos que não teria muita neve, realmente a quantidade havia baixado muito, mas, deu pra divertir.
Olhar de perto aquela imensa montanha de neve era como se um vestido de noiva estivesse estendido diante dos meus olhos. Seu tecido liso, como a brisa fria daquele vento, deixava escorregadio o caminho de quem se atrevesse a se aproximar. Suas curvas eram feitas de um compasso natural desafiando olhares experientes e hipnotizando aqueles olhos virgens.
Não sabia que ponto da sua beleza conheceria primeiro e muito menos como o faria. Dicas inexperientes, porem úteis, vieram daquele adolescente que já havia descoberto seus pontos, contornos e inevitavelmente a tocado. Entrei naquela casinha e me preparei para conhecê_la colocando uma roupa adequada para aquela ocasião. Mais algumas dicas antes de dar o primeiro passo e já era o suficiente.
Minhas pernas tremiam, meus joelhos quase não conseguiam suportar o peso daquela ansiosidade que refletia em meu estômago o frio que meu corpo sentia. Aquele vestido inacabado deixava armadilhas perigosas para os amadores.
Enquanto meu corpo imóvel escorregava meu coração acompanhava a velocidade da sua decida. Em alguns momentos quase veio a boca para ver o que se passava, mas, o que saia dela eram apenas gritos de uma infância revivida, onde as brincadeiras não tinham hora ou muito sentido. Infância que não se preocupava com os olhos que estavam ao redor, a criatividade era um simples motivo para se divertir. Eu era criança de novo, congelei minhas mãos fazendo bolas de neve, ria cada vez que caia tentando imitar as pessoas que desciam e gritava de alegria cada vez que descia, um verdadeiro louco infantil. A simplicidade ainda podia ser divertida, pensei.
Lembro da primeira vez que cai, meus joelhos doíam e não sabia como me levantar, os esquis ainda em meus pés se entrelaçavam amarrando meus pés aquele chão gelado, minhas mãos cada vez mais congeladas procuravam apoios inúteis. Com uma certa dificuldade retirei os esquis dos meus pés e me levantei, já não sentia minhas mãos e nem meu sorriso, todos foram colocados em meu bolso na tentativa de se aquecerem. Fiquei com um pouco de medo, havia me esquecido como era aquela sensação, então, uma voz familiar surgia em meus ouvidos, era uma voz calma, grossa e dizia algo que eu me recordo de ter ouvido a muitos anos atrás, quando cai pela primeira vez de bicicleta: - “Se levante, se limpe e volte a pedalar imediatamente”. Era a voz do meu velho presente em minha memória, Freud adora explicar estas coisas né pai! Misturado a esta voz havia também a minha, era como se eu estivesse falando com meu filho: “Se levante, se limpe e volte de onde começou, só cai quem tenta, só cresce quem persiste e agüenta e só aprende quem não esquenta”. No meu caso o que eu precisava era de me esquentar mesmo, mas, a viagem foi boa tomar coragem, descansar e voltar.
Claro que continuei tentando e caindo, mas, depois da primeira vez é sempre mais difícil depois tudo passa a ser diferente. Os tombos passaram a ser hilários (videocassetada pro Faustão) e eu terminei o dia: todo molhado, com as mãos raladas e o joelho doendo, mas, consegui ir bem alto e aprendi a esquiar sem cair tanto, quase um verdadeiro profissional, to até pensando em disputar um campeonatinho no final do mês que vem.Estes momentos inesquecíveis foram registrados pelas memórias artificiais e naturais.

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