Saturday, September 10, 2011

SEM ROTULO X MODELO

        "...eu sou o que sou. Nao estou tentando me encaixar em modelo algum..." A Cabana
Interrompi minha leitura e refleti bastante sobre esta passagem. No momento da minha reflexao vieram algumas conversas antigas e posturas recentes. Este texto é sobre minha constante busca de equilibrio entre ser sem rotulo e ser um modelo.

SEM ROTULO X MODELO
(Felipe F. - 10/09/11)

        Recentemente uma amiga disse que precisava conversar comigo para esclarecer algumas coisas. As mulheres tem essa necessidade de deixar as coisas bem claras - disse ela. Claro que nao poderia cogitar a possibilidade de me opor a esta revelaçao imperativa. Conversamos e esclarecemos o que para ela era uma coisa obscura e incerta, mas, no meu ponto de vista nada havia mudado, isto pode ser até um tema para um proximo texto. Ela me explicou que precisava rotular as "coisas" para que pudesse entende-las melhor, ou seja, desta forma saberia qual o tipo de postura deveria ter. Apesar de "coisas" parecer bastante vago, consegui entender o que ela quis dizer. Voce tera bastante problemas comigo - disse seguido de uma grande gargalhada. O seu olhar traduziu claramente sua duvida, mas, deixei que assim ficasse, apenas acrescentei que nao era uma pessoa de rotulos. Naquele momento algo fez sentido, uma conexao com um fato tambem recente fez-se desabrochar mais uma maravilhosa descoberta.
        Era para ser apenas uma aventura, mais um novo aprendizado. As "coisas" diferentes me atraem, neste caso o sentido é amplo mesmo, pessoas, lugares, comidas e por ai vai. A possibilidade de aprendizado é minha principal motivaçao. Voce é uma pessoa bem diferente, por isso, me atraiu. Desejei conhece-la melhor e a medida que eu te conhecia eu me conhecia. Este desejo se tornou uma vontade, uma necessidade, quase um vicio, meus olhos se enchiam de emoçao com o desabrochar de dois seres desconhecidos. A carencia tentava transformar essa vitamina emocional em amor, mas, a experiencia nao permitia. Esta percepçao foi apenas o meu ponto de vista, seus olhos pintados nao foram capazes de enchergar muito além das suas suposiçoes. "...nos relacionamos com pessoas diferentes para que possamos nos enchergar de uma forma que nao somos capazes..." Camomila. As palavras diferentes que ouvi neste pouco tempo me deram uma visao bem diferente ao meu respeito, grandes sorrisos e longas lagrimas se misturavam nesta experiencia unica. Esta é minha maneira de dizer que consegui perceber o seu ponto de vista, atraves de um comentario simples em uma outra situaçao. Fiquei muito feliz em me ver atraves dos seus olhos, mas, ainda nao sei o que farei, enquanto isso fique com o meu ponto de vista.
        Sou sem rotulo aos teus olhos distraidos que precisam ser disciplinados, educados a enchergar alem da imagem. Sou louco a ansiosa visao moderna que alienada da sua propria referencia busca a sanidade nas futeis informaçoes disponiveis. Sou livro, sou blog, texto e prosa, musica e poesia, mais do que um prefacio ou uma simples introduçao que voce tera apenas observando meus acessorios e certificando que estas sao as informaçoes suficientes para decifrar o meu sorriso ou minhas lagrimas. Meus modelos nao possuem rotulos.

2 comments:

Débora said...

Sua história me fez recordar de um momento vivido, onde os rótulos para mim, eram de pequena valia, ou praticamente de valia nenhuma diante da tranquilidade que me preenchia de viver os momentos, um a um, desfrutando lentamente do sabor de cada um deles e percebendo a sensação que me provocavam.

Já ponderei que talvez esse estado de espírito, onde a degustação dos momentos vividos torna-se mais importante que a necessidade de rotular uma situação, pode ser posterior a uma experiência emocional que nos tenha exaurido, intoxicado.

É como se a alma pedisse um momento de convalescência ou como ocorre com um paciente que ao ao ser submetido a uma grande cirurgia e ter passado por longo período em jejum, necessitasse reiniciar sua alimentação com uma dieta branda.

Passado o período de convalescência da alma, percebemos que o pequeno príncipe tem certa razão em sua famosa citação que diz "tu te tornas responsável por aquilo que cativas". Não eternamente responsável, como diria o texto original, mas responsável naquela situação.

Se nos empenhamos em conquistar, em partilhar emoções,temos que acalmar o coração de quem sentiu isso conosco. Talvez nesse momento o rótulo sirva como uma resposta a ansiedade do outro e acho ainda, que ele pode servir como uma resposta a nós mesmos, de onde queremos chegar.

Felipe F. said...

Mais uma vez sensacional os seus comentarios.